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quinta, 12 de junho de 2025
Artigos científicos com Kleber Chicrala

A persistência das infecções: como as bactérias podem causar infecções recorrentes mesmo após o tratamento com antibióticos?

08 Jun 2025 - 08h01Por Kleber Jorge Savio Chicrala
Bruna Carolina Corrêa - Mestre em Ciências - IFSC – USP e Pesquisadora CEPOF- INCT – IFSC – USP – Grupo de Óptica - Crédito: divulgaçãoBruna Carolina Corrêa - Mestre em Ciências - IFSC – USP e Pesquisadora CEPOF- INCT – IFSC – USP – Grupo de Óptica - Crédito: divulgação

Entrevistada: Bruna Carolina Corrêa
Mestre em Ciências - IFSC – USP e Pesquisadora CEPOF- INCT – IFSC – USP – Grupo de Óptica

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mortalidade atribuída à resistência antimicrobiana pode aumentar para 10 milhões por ano até 2050. Atualmente, é comum ouvir que bactérias adquiriram diversas formas de resistir aos antibióticos — a famosa resistência bacteriana. A resistência bacteriana é um dos principais motivos para o surgimento de infecções recorrentes ou infecções que persistem mesmo após o paciente tomar os antibióticos receitados. Porém, a resistência bacteriana não é a única estratégia utilizada por esses microrganismos para escapar da ação dos antibióticos.

Algumas vezes, uma infecção bacteriana continua persistindo ou até mesmo se torna uma infecção crônica. Isso ocorre porque as bactérias, como todos os seres vivos, desenvolvem estratégias para se manterem vivas, mesmo quando o ambiente não está favorável ou algo está atacando-as. Mas não é apenas por meio da resistência que as bactérias escapam da ação dos antibióticos. A tolerância e a persistência bacteriana são mecanismos de sobrevivência que "enganam" médicos e pesquisadores, pois as bactérias não demonstram resistência aos antibióticos; pelo contrário, parecem ser sensíveis a eles após o tratamento.

Esses dois mecanismos de sobrevivência adotam uma estratégia diferente da resistência para continuarem vivas: elas praticamente entram em um estado de "hibernação", no qual reduzem o metabolismo, deixam de se replicar e diminuem a respiração celular para evitar que os antibióticos as ataquem. Essa forma de evitar a morte acaba levando a infecções que persistem ou voltam de forma recorrente, já que, quando o paciente está em tratamento com o antibiótico, elas estão "adormecidas" e, quando o tratamento termina, voltam a se multiplicar.

Com isso, surge a pergunta: como nós podemos combatê-las? Bom, existem diversos pesquisadores pelo mundo estudando para entender como funcionam os mecanismos de resistência, persistência e tolerância, e buscando respostas sobre como eliminá-las.

Estamos realizando o estudo de Inativação Fotodinâmica em bactérias tolerantes e persistentes, sob a orientação da Professora Kate Blanco — CEPOF - INCT - IFSC - USP, Grupo de Óptica —, onde utilizamos a Inativação Fotodinâmica juntamente com a antibioticoterapia para inativar esses tipos de bactérias. Na Inativação Fotodinâmica, utilizamos a luz juntamente com uma molécula fotossensível (sensível à luz) para eliminar os microrganismos. Ou seja, nós utilizamos uma fonte de luz com um comprimento de onda, no espectro da luz visível, que interage com uma molécula semelhante a um corante, uma molécula fotossensível — em outras palavras, sensível à luz e que pode sofrer modificações. Essas moléculas são irradiadas com a luz, o que causa danos oxidativos em diversas partes da célula bacteriana, levando-a à morte.

Foi realizado um estudo pela Dra. Jennifer Soares que demonstrou que a técnica é capaz de quebrar a resistência bacteriana. Agora estamos avançando para conseguir superar também a persistência e a tolerância bacterianas. Nos últimos dois anos, caracterizamos o comportamento da curva de morte associada à tolerância e à persistência bacterianas, e também avaliamos um protocolo para eliminar essas bactérias com a IFD. Os resultados mostraram-se promissores para tal tratamento. Agora, no meu doutorado, o objetivo é aplicar e desenvolver um protocolo com a IFD mais robusto, que elimine a tolerância e a persistência, permitindo que consigamos retirar essas células da "hibernação" antes da aplicação da IFD e da antibioticoterapia.

Com esse conhecimento, poderemos trazer tratamentos mais inovadores, principalmente para aqueles acometidos por infecções crônicas e recorrentes, nas quais apenas o antibiótico já não é mais solução.

Fontes:
Bruna Carolina Corrêa - Mestre em Ciências - IFSC – USP e Pesquisadora CEPOF- INCT – IFSC – USP
Professora Dra. Kate Blanco — CEPOF - INCT - IFSC - USP, Grupo de Óptica
Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato – Coordenador CEPOF – INCT – IFSC – USP e membro do Grupo de Óptica – IFSC – USP
Me. Kleber Jorge Savio Chicrala – Jornalismo Científico e Difusão Científica – CEPOF – INCT - IFSC – USP – Grupo de Óptica

kleberchi

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